“Só sabe quem sente”, ou “só quem viveu sabe”, são frases que explicam o significado da empatia. De fato, não dá pra entender o que outra pessoa sente na essência sem vivenciar exatamente o mesmo. Mas ainda que trocar de corpo e mente com alguém seja impossível, é possível buscar compreender o que outra pessoa sente.
A empatia inclusiva não corresponde apenas à capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, mas fazer isso buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Por isso mesmo não é uma habilidade fácil de se desenvolver e está entre as qualidades comportamentais mais raras de se encontrar em nível avançado.
O século XXI mostrou, com o desenvolvimento da Internet e das redes sociais, como os seres humanos estão todos interligados. A teoria dos seis graus de separação defende que, mesmo com toda a diversidade de culturas, cada pessoa está a seis relações de distância com qualquer outra, seja um habitante do interior da Tailândia ou o presidente dos Estados Unidos.
Portanto, garantir que os colaboradores adotem uma postura empática no ambiente profissional é mais que ser solidário com as dores dos colegas: é promover o bem estar, o diálogo e a harmonia da equipe e consigo também. Mas o que é a empatia de verdade e como saber lidar com os diferentes contextos?
Os tipos de empatia
A empatia é dividida pela psicologia em três tipos: cognitiva, emocional e compassiva. Como o nome diz, a primeira se refere à compreensão em um nível intelectual. Ou seja, significa simplesmente entender como a outra pessoa se sente e o que ela pode estar pensando. É ideal para aplicar em situações casuais como reuniões virtuais, mas não eficaz em processos relacionados a emoções profundas.
A segunda corresponde a sentir diretamente as emoções que outra pessoa está sentindo.É quando você se sente fisicamente como ela, como se as emoções dela fossem contagiosas. A empatia emocional é perfeita para fortalecer o relacionamento interpessoal, para usar com familiares e amizades. Mas é importante garantir que ela não ultrapasse um limite e essa preocupação se torne invasiva.
Já a empatia compassiva é a mais desejada, pois corresponde a um equilíbrio entre os dois tipos anteriores. Ela respeita as conexões naturais que são estabelecidas com as pessoas, sejam colaboradores ou amigos. Com esse terceiro tipo, não apenas entendemos a situação de uma pessoa e sentimos com ela, mas somos movidos espontaneamente para ajudar caso necessário. E empatia também é sobre tomar atitudes.
É dando que se recebe
Desenvolver a empatia inclusiva gera efeitos positivos para as pessoas, os negócios, as relações e o meio ambiente. Pois é, no ranking das soft skills mais procuradas em 2021, a empatia é a que tem o maior lastro de impacto. Pesquisas mostram que a empatia é um dos fatores mais eficazes para reduzir a pegada de carbono e assim desacelerar o aquecimento global.
No mundo profissional, essa habilidade contribui com o alívio do estresse e o aprimoramento das habilidades de comunicação. Assim, ela influencia positivamente na colaboração e trabalho em equipe, pois facilita a compreensão entre colaboradores e a consideração e respeito por diferentes posicionamentos.
Colaboradores com grande capacidade de empatia em geral têm menos conflitos interpessoais e mais resiliência em situações de conflito. E podem ir além, pois essa habilidade muitas vezes transforma o conflito em oportunidade, já que faz as diferenças serem consideradas como riqueza e não como entrave.
Além disso, a probabilidade de uma negociação entre pessoas com mentalidade compassiva dar certo é muito maior. Pois ao enfraquecer e até quebrar todo tipo de preconceito, como machismo, LGBTfobia e racismo, a empatia contribui com a criação de ambientes acolhedores e coloca o foco no que há em comum entre as partes envolvidas.
Estudos comprovam que competências soft como ela melhoram a interação humana, assim como a reputação da empresa e a satisfação dos clientes. Quando a abordagem é empática, o cliente sente confiança e a tendência de fidelização é maior.
Considere implementar a empatia como um valor da empresa e em todos os processos. Ou seja, estruture-os com base nas pessoas por meio do design centrado no usuário (Human Centered Design. Afinal, envolver clientes e colaboradores em cada etapa ajuda a garantir que tanto os novos produtos e serviços serão adequados às necessidades, quanto as equipes trabalharão com maior autonomia.
Só tem empatia quem pratica
Para usar a empatia com eficácia, você precisa deixar de colocar o seu próprio ponto de vista em primeiro lugar e considerar os outros. Ao invés de responder a um comportamento que à primeira vista parece ser emocional, teimoso ou irracional, reflita sobre como pode ser uma reação baseada no conhecimento e nas experiências anteriores do outro.
Ouça com atenção o que alguém está tentando lhe dizer. Use ouvidos, olhos e sentidos para buscar entender toda a mensagem que está sendo transmitida. Em seguida destaque palavras e frases-chave usadas, como as que se repetem. Pense na forma e no conteúdo do que está sendo dito. O que o tom e a linguagem corporal estão expressando? Por exemplo: a conotação é de raiva, vergonha ou medo?
Evite fazer perguntas diretas, argumentar com o que está sendo dito ou contestar fatos nesta fase. E seja flexível caso a conversa mude de direção, pois a comunicação é fluida e os pensamentos e sentimentos da outra pessoa podem variar.
Diferenças são riquezas
“Antes de julgar alguém, tente caminhar uma milha com os seus sapatos”, já dizia o famoso ditado. Analise a sua própria atitude e mantenha a mente aberta. Colocar muita ênfase em suas próprias suposições e crenças é um hábito que inibe ou enfraquece a sua empatia.
Além de descobrir por que os outros acreditam no que acreditam, é importante reconhecer e mostrar esse reconhecimento. Isso não significa concordar com os outros, mas não é hora para um debate. Em vez disso, mostre respeito e continue ouvindo.
Em caso de dúvida, convide a pessoa a descrever mais um pouco sua posição e pergunte como ela acha que pode resolver o problema. Fazer as perguntas certas é provavelmente a maneira mais simples e direta de entender a outra pessoa.
Ter contato com novas culturas, viajando, lendo ou assistindo a filmes, por exemplo, é um hábito que aumenta a sua empatia. Pois ao conhecer outros contextos de vida e formas de trabalhar, seu repertório é ampliado e a capacidade de entender diferentes comportamentos aumenta.
Empatia inspira ação
Não existe jeito certo de demonstrar a empatia. Depende da situação, da pessoa e da emoção dominante no momento. Lembre-se que empatia não tem a ver com o que você quer, mas com o que a outra pessoa deseja e precisa, portanto, qualquer ação que você realizar ou sugerir deve beneficiá-la. Mas é importante agir.
Por exemplo, quando há um membro da equipe que não consegue se concentrar no trabalho por causa de um problema em casa. Pode parecer uma atitude gentil permitir que ele trabalhe em casa até que a situação seja resolvida, ou talvez seja melhor oferecer uma folga para que ele não pense em algo doloroso. Portanto, pergunte o que ele prefere.
A empatia não vale apenas para lidar com crises. Na verdade, conseguir interpretar o mundo com uma variedade de perspectivas é também um diferencial no currículo e tanto. Por exemplo, estar bem humorado e lembrar o nome das pessoas é um detalhe que coloca a empatia em ação. Prestar o máximo de atenção aos colaboradores nas reuniões, ter curiosidade sobre suas vidas e interesses e oferecer feedback construtivo também são comportamentos empáticos.